Por todo o dia medito, e apenas à noite eu digo:
De onde venho, e o que supostamente feito eu tenho?
Nem ideia ao menos
Minha alma é de alhures, isto é um fato,
Desejo, e para aquele destino eu parto.
Tal vertigem principiou-se noutra taverna.
E quando para aquele lugar retornar,
Sóbrio eu haverei de estar. Mas enquanto,
Eu, pássaro, canto d'outro continente, pouso aqui por instante.
O dia chegará, e deverei partir,
Mas quem é este agora no meu ouvido a ouvir?
Quem é na minha boca a se exprimir?
Quem olha pelos meus olhos? E a alma, pois, o que é?
A pergunta, ela continua de pé.
Se um pouco eu pudesse saber,
Desse antro de ébrios a saída hei de ter.
Aqui por pedido não cheguei, nem por isso assim partirei.
Seja quem me pôs nesta rota, à minha casa deve levar-me de volta.
Este poema. Nem sei como o digo por certo.
Certo é que eu não o projeto.
Mas quando fora deste dizido eu me encontro,
Quieto fico, dificilmente eu falo ou conto.
Extraído de:
RUMI. The essential Rumi. Tradução de Coleman Barks e John Moyne. New Jersey: Castle Books, 1997, p. 2.
Encontrei apenas uma tradução em português a qual agradeço o tradutor considerando que ela me foi bastante útil. Abaixo o link para quem quiser cotejar com o original e a tradução.
http://devotionlovers.blogspot.com.br/2011/06/rumi-whoever-brought-me-here-will-have.html